A direção do tratamento a partir da escuta de psicólogos e psiquiatras que atuam em um CAPS
Keywords:
psicanálise, clínica, saúde mental, psicose, CAPSAbstract
A concepção do normal e do patológico associada a como o indivíduo se relaciona com seu ambiente tem se desenvolvido no campo da psicologia. Nesse contexto, o sujeito com sofrimento psíquico passa a não ser taxado pelo transtorno, mas como portador deste, aproximando as práticas classificatórias da lógica dos serviços substitutivos em saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), oriundos da Reforma Psiquiátrica brasileira. A demanda de cura dos sujeitos é transformada em demanda de inclusão social e escuta clínica, deixando a patologia determinada pela exclusão social. Para tanto, torna-se necessária a promoção de novas formas de encarar a clínica e os aparelhos de saúde mental. Nesse sentido, propõe-se a investigação sobre a hipótese de a Reforma Psiquiátrica ter relegado a clínica a um segundo plano em relação à demanda social através da percepção de como se dá a conduta terapêutica de psicólogos e psiquiatras de um CAPS. O presente estudo é exploratório, descritivo e qualitativo, tendo sido utilizada uma entrevista semiestruturada. Os participantes da pesquisa são psicólogos e psiquiatras atuantes em um CAPS do interior de Minas Gerais. Contrariando nossa hipótese inicial, foi percebido que há um trabalho clínico que não é sobrepujado pela retórica da inclusão, da oferta de discursos de adaptação e ressocialização. Partimos da definição de clínica ampliada e da perspectiva lacaniana para analisar as práticas institucionais do CAPS. A análise se deu a partir da teoria lacaniana dos discursos, em especial do discurso do analista, possibilitando a restituição subjetiva e política de seus usuários. Percebemos que a instituição busca assegurar um lugar que não cumpre a função de mestria, através de práticas como a ressignificação das crises. Destarte, buscamos indicar como o funcionamento do CAPS pôde sustentar uma clínica da psicose atrelada ao posicionamento político nos processos de inclusão social.
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