O Perfil da Vítima de Estupro no Brasil e a Formação da Subjetividade

Autores

Palavras-chave:

violência sexual, abuso sexual, estupro, estupro de vulnerável

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar o perfil da vítima estupro no Brasil, em acordo com os parâmetros de apuração dos dados da violência sexual em território nacional, bem como discutir tal perfil tendo como base a teoria da subjetividade. O que motivou esta escrita foram os estudos teóricos no processo de construção da pesquisa de doutorado, que ainda se encontra em curso, e deparar-se com os dados da violência sexual no Brasil. Para a escrita deste artigo faz-se uso das terminologias: violência sexual, abuso sexual, estupro e estupro de vulnerável, definidas pela legislação vigente no Brasil sobre o tema: o Decreto-Lei n. 2.848/1940, a Lei Federal n. 12.015/2009, que altera o Código Penal Brasileiro, e a Lei n. 13.431/2017. Como metodologia, utilizou-se a pesquisa documental e bibliográfica, em um estudo longitudinal, sendo que para a primeira fez-se uso do Boletim Epidemiológico Brasileiro de 2017 (Ministério da Saúde, 2018) e dos Anuários Brasileiros de Segurança Pública de 2019 a 2022 (Fórum Brasileiro de Segurança Pública [FBSP], 2019, 2020, 2021, 2022). A partir do levantamento de dados, realizou-se a análise sob o referencial teórico de autores que são citados nos documentos acima referidos e que discutem o tema da violência sexual (Furniss, 1993; Sanderson, 2005; Azambuja, 2011; Saffioti, 2015), da Psicologia Histórico Cultural (Vygotsky, 1984, 2000) e da teoria da subjetividade (González Rey, 2002, 2019). Esboça-se uma vítima cujo perfil tende a ser de uma criança ou adolescente, do sexo feminino, em que a maior incidência se dá entre dez e treze anos de idade. A violência tende a acontecer dentro da casa da vítima, ou em lugar privado, e o perpetrador da violência tende a ser um ente familiar, ou pessoa da confiança deste, ou conhecido da vítima. O estupro no Brasil é considerado uma violência intrafamiliar e é preciso dar visibilidade à vivência de referida violência uma vez que esta vem constituir a subjetividade destas pessoas.

 

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Biografia do Autor

Maristela Sobral Cortinhas, Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade, na linha de pesquisa em Tecnologia e trabalho da UTFPR; Mestre em Educação pela UTP; Especialista em Psicologia Jurídica e Educação Especial e tem licenciatura e bacharelado em Psicologia pel UFPR.

Atua como Psicóloga Jurídica no tribunal de Justiça do Paraná - TJPR.

Maria Sara de Lima Dias, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR.

Pós-Doutora em Psicologia pela Universidad Autónoma de Barcelona (2016, Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) possui mestrado (2004) em Psicologia da Infância e Adolescência e graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (1990). Especialista em Pedagogia Social pela Universidade Católica Portuguesa. Professora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DAFCH) na Universidade Tecnológica Federal do Paraná do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade - PPGTE, é orientadora de mestrado e doutorado, iniciação científica e tecnológica e projetos de extensão. Atua na linha de pesquisa Tecnologia e Trabalho.

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Publicado

2023-07-26

Como Citar

Cortinhas, M. S., & Dias, M. S. de L. (2023). O Perfil da Vítima de Estupro no Brasil e a Formação da Subjetividade. Revista PsicoFAE: Pluralidades Em Saúde Mental, 12(1), 81–100. Recuperado de https://revistapsicofae.fae.edu/psico/article/view/416

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Artigos