Concepções Sobre A Morte E Suas Implicações Na Prática Dos Cuidados Paliativos
Palavras-chave:
Cuidados paliativos, morte, profissionais da saúde, psicanáliseResumo
O presente artigo versa sobre a morte do ponto de vista dos profissionais, no contexto da prática dos Cuidados Paliativos, em ambiente hospitalar. Tem como objetivo compreender psicanaliticamente quais as concepções que os profissionais de saúde têm em relação à morte e suas implicações na prática dos Cuidados Paliativos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito profissionais da equipe interdisciplinar, que atuam na área hospitalar e assistem pacientes diagnosticados com doenças que ameaçam a continuidade da vida e/ou que vivenciam a terminalidade. O método adotado foi o de análise de conteúdo, a partir do qual foi possível a construção de categorias e a atribuição de sentidos subjacentes às falas dos entrevistados, tendo como suporte a teoria psicanalítica. Constatamos que os profissionais utilizam estratégias defensivas para lidar com a morte em seu ambiente de trabalho. Contudo, embora por vezes possam dificultar o trabalho, tais estratégias são favorecedoras quando há a compreensão e realização efetiva dos Cuidados Paliativos. Assim, a morte pode ocorrer de forma humanizada, com dignidade, o que tranquiliza os membros da equipe de saúde e lhes permite uma atuação mais efetiva.
Downloads
Referências
Alves, R. S. F. & Oliveira, F. F. B. (2022). Cuidados paliativos para profissionais de saúde: Avanços e dificuldades. Psicologia: Ciência e Profissão, 42, e238471, 1-16. https://doi.org/10.1590/1982-3703003238471.
André, C. A. C. (2024). Percepção, atitudes perante a morte e sentido de vida em estudantes e profissionais de saúde sobre os cuidados paliativos pediátricos. (Dissertação de Mestrado). Instituto Universitário Egas Moniz, Caparica, Portugal. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/53465?locale=pt_PT
Arantes, A. C. Q. (2016). A morte é um dia que vale a pena viver. Casa da Palavra.
Ariès, P. (2017). A história da morte no ocidente: Da idade média aos nossos dias. (P. V. de Siqueira, Trad.). F. Alves (Trabalho original publicado em 1977).
Batista, G.; Galvão, A. & Gomes, M. J. (2024). Literacia em competências humanísticas no contexto de cuidados paliativos: Revisão integrativa. RIAGE, 6, pp.411–417. https://doi.org/10.61415/riage.258
Boni, V. & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em ciências sociais. Em Tese, 2(1), pp. 68-80. https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027/16976
Borba, F. L.; Silva, K. G. S.; Coelho, I. S. F.; Soares, N. C. F. B.; Loureiro, M. A. B.; Coêlho, L. P. I.; Silva, W. A.; Ferreira, R. N.; Barros, R. B.; Chagas, A. F.; Rocha, R. M. F.; Torres, K. B. H.; Pereira, R. G.; Morais, G. S.; Sousa, M. P. S.; Santos, M. E. L. C.; Machado, W. M.; Santos, F. A. V. & Costa, A. C. M. (2022). Morte e morrer: compreensão, aceitação e entraves da equipe de enfermagem. Revista Enfermagem Atual In Derme, 96(40), e–021318. https://doi.org/10.31011/reaid-2022-v.96-n.40-art.1400
Braz, M. S. & Franco, M. H. P. (2017). Profissionais paliativistas e suas contribuições na prevenção de luto complicado. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(1), pp. 90-105. https://doi.org/10.1590/1982-3703001702016
Clark, D. (2005). Fareword. In C. Saunders. Whatch with me: inspiration for a life in hospice care. (pp. 7-12). Lancaster University.
Costa, R. L. A.; Eloy, A. V. A.; Santos, L. D. S.; Pedro, D. M. A.; Silva, F. M. D.; Souza, W. A.; Perdigão, K. F. A. & Freire, W. T. (2023). Cuidados paliativos: Estratégias e manejo no ambiente hospitalar. In F. L. Santos (Ed.). Estudos Interdisciplinares em Ciências da Saúde (Vol. 16, pp. 64-72). Periodicojs Editora. https://doi.org/10.51249/easn16.2023.1399
Duarte, C.; Leão, D. & Duarte, G. (2024). Representações sociais da morte. In: C. Duarte & F. Serra (Coords.). Cuidados paliativos: Comunidade de prática em cuidados paliativos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa (pp. 71-80). Edições ISCSP. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://capp.iscsp.ulisboa.pt/images/2024/ebook_cuidados_paliativos.pdf
Duarte, C. & Serra, F. (2024). Comunidade de prática em cuidados paliativos: estudo de caso. In: C. Duarte & F. Serra (Coords.). Cuidados paliativos: Comunidade de prática em cuidados paliativos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa (pp. 15-21). Edições ISCSP. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://capp.iscsp.ulisboa.pt/images/2024/ebook_cuidados_paliativos.pdf
Fitaroni, J. B.; Bousfield, A. B. S. & Silva, J. P. (2021). Morte nos cuidados paliativos: Representações sociais de uma equipe multidisciplinar. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, e209676, 1-16. https://doi.org/10.1590/1982-3703003209676
Franco, M. H. P. (2012). Prefácio. In: J. P. Fonseca. Luto antecipatório: As experiências pessoais, familiares e sociais diante de uma morte anunciada. (pp. 13-15). PoloBooks.
Freitag, R. M. Ko. (2018). Amostras sociolinguísticas: Probabilísticas ou por conveniência? Revista de Estudos da Linguagem, 26(2), 667–686. https://doi.org/10.17851/2237-2083.26.2.667-686
Freud, S. (2006a). Totem e tabu. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (J. Salomão, Trad.; Vol. 13, pp. 21-162). Imago (Trabalho original publicado em 1913).
Freud, S. (2006b). Reflexões para os tempos de guerra e morte. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (J. Salomão, Trad.; Vol. 14, pp. 285-309). Imago (Trabalho original publicado em 1915).
Freud, S. (2006c). Sobre a transitoriedade. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (J. Salomão, Trad.; Vol. 14, pp. 313-319). Imago (Trabalho original publicado em 1916).
Freud, S. (2006d). Luto e melancolia. In: ______. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (J. Salomão, Trad.; Vol. 17, pp. 243-263). Imago (Trabalho original publicado em 1917).
Freud, S. (2006d). O futuro de uma ilusão. In: ______. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad.; Vol. 21, pp. 15-63). Imago (Trabalho original publicada em 1927).
Fonseca, J. P. (2012). Luto antecipatório: As experiências pessoais, familiares e sociais diante de uma morte anunciada. São Paulo, SP: PoloBooks.
Genezini, D. (2012) Assistência ao luto. In R. T. Carvalho & H. A. Parsons. (Org.). Manual de cuidados paliativos ANCP. (pp. 569-582). (2ªed.). Diographic.
Gil, A. C. (1987). Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas.
Guzinski, C.; Galvão, L. Q.; Luz, L. L.; Boni, F. G. & Cezar V. S. (2024). Desafios familiares na aceitação da terminalidade de um idoso com câncer metastático em cuidados paliativos. In: J. A. Aragão; F. A. Almeida & Dal Molin, R. S. (Orgs.). Envelhecimento humano: Diferentes nuances e estágios. (Vol. 2, pp. 61-72). Editora Científica Digital. https://doi.org/10.37885/241118128
Kovács, M. J. (1992). Atitudes diante da morte visão histórica social e cultural. In: M. J. Kovács. (Org.). Morte e desenvolvimento humano. (pp. 28-47). Casa do Psicólogo.
Kovács, M. J. (2003a). Educação para a morte: temas e reflexões. Casa do Psicólogo.
Kovácks, M. J.(2003b). Bioética nas questões da vida e da morte. Psicologia USP, 14(2), 115-167. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://www.scielo.br/pdf/pusp/v14n2/a08v14n2.pdf
Kovács, M. J. (2014). A caminho da morte com dignidade no século XXI. Revista Bioética, 22(1), 94-104. Recuperado em 17 de junho de 2025, de scielo.br/j/bioet/a/QmChHDv9zRZ7CGwncn4SV9j/?format=pdf
Kubler-Ross, E. (2008). Sobre a morte e o morrer. (9ªed.). (P. Menezes, Trad.). WFM Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1969).
Leão, D.; Duarte, C. & Napiarala, C. (2024). Literacia emocional e espiritual em cuidados paliativos. In: C. Duarte & F. Serra (Coord.). Cuidados paliativos: Comunidade de prática em cuidados paliativos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa (pp. 41-52). Edições ISCSP. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://capp.iscsp.ulisboa.pt/images/2024/ebook_cuidados_paliativos.pdf
Lima, C. M. N. & Costa, L. N. R. (2023). O psicólogo no enfrentamento do sofrimento dos profissionais no âmbito dos cuidados paliativos ante a angústia da morte dos pacientes. Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE, 9(3), 453-466. https://doi.org/10.51891/rease.v9i3.8817
Lindemann, E. (1944). Symptomatology and management of acute grief. American Journal of Psychiatry, 101, 141-148. https://doi.org/10.1176/ajp.101.2.141
Marques, R. S.; Blumentritt, J. B. & Cordeiro, F. R. (2024). Estratégias de autoajuda para pacientes em cuidados paliativos e seus familiares: Revisão integrativa. Enfermería: Cuidados Humanizados, 13(1), :e3640. https://doi.org/10.22235/ech.v13i1.3640
Melo, R. C. M.; Silva, A. G. & Javorski, A. (2022). Estratégias do luto em cuidados paliativos. RAF Revista Acadêmica, 3(1), 96-108. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://raf.emnuvens.com.br/raf/article/view/63
Menezes, R. A. & Barbosa, P. C. (2013). A construção da “boa morte” em diferentes etapas da vida: reflexões em torno do ideário paliativista para adultos e crianças. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2653-2662. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900020
Milani, L. B. & Milani, I. C. B. (2022). O papel do psicólogo nos cuidados paliativos no Brasil. In: F. A. Almeida. (Org.). Cuidados paliativos: Práticas, teorias e análises (Vol. 2, pp. 37-48). https://doi.org/10.37885/220408749
Moraes, R. (1999). Análise de conteúdo. Revista Educação 22(37), 7-32.
Nascimento, Y. F. & Santos, A. P. S. (2023). Uma reflexão filosófica sobre cuidados paliativos e a aceitação da morte. Revista Remecs: Revista Multidisciplinar de Estudos Científicos em Saúde, 2(2):56. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://revistaremecs.com.br/index.php/remecs/article/view/1222
Nunes, L. V. (2012). O papel do psicólogo na equipe. In R.T. Carvalho & H.A. Parsons (Org.). Manual de cuidados paliativos ANCP (pp. 337-340). (2ªed.). Diographic.
OMS — World Health Organization (s. d.). WHO Palliative care [acesso 2025]. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://www.who.int/health-topics/palliative-care
OMS — World Health Organization (2023). WHO Definition of palliative care. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://www.who.int/europe/news-room/fact-sheets/item/palliative-care
Pozzada, J. P.; Santos, M. A. & Santos, D. B. (2022). Sentidos produzidos por psicólogos que trabalham com cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS) sobre o cuidar em cenários de morte e morrer. Interface, 26: e210581. https://doi.org/10.1590/interface.210581
Reis, C. G. C.; Moré, C. L. O. O. & Menezes, M. (2023). O luto antecipatório e as estratégias de enfrentamento de familiares nos cuidados paliativos. Psico, 54(1), 1-13. http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.39961
Ribeirinho, C.; Duarte, G.; Alves, T. & Alves, S. (2024). Narrativas de quem cuida. In: C. Duarte & F. Serra (Coord.). Cuidados paliativos: Comunidade de prática em cuidados paliativos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa (pp. 53-70). Edições ISCSP. Recuperado em 17 de junho de 2025, de https://capp.iscsp.ulisboa.pt/images/2024/ebook_cuidados_paliativos.pdf
Sassani, L. M. & Sanches, D. (2022). Contribuições do profissional de psicologia para o paciente em cuidados paliativos. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 26(3), 705-724.
Silveira, D. T. & Córdova, F. P. (2009). A pesquisa Científica. In: T.E. Gerhardt & D.T. Silveira. (Org.). Universidade aberta do Brasil – UAB/UFRGS (pp. 31-42). Editora da UFRGS.
Souza, B. F.; Souza, S. B. S. & Ferreira, L. S. (2024). Atribuições da equipe multiprofissional nos cuidados paliativos de pacientes adultos em estágio terminal. Revista Liberum Accessum, 16(2), 201-212. Recuperado em 17 de junho de 2025, de http://revista.liberumaccesum.com.br/index.php/RLA/article/view/309
Vilas Boas, A. D. O. & Guimarães, A. C. B. (2024). Sentido da vida e o paciente terminal em cuidados paliativos. Revista SynThesis, 13(1), 49-66. https://doi.org/10.63054/2177-823X.2024.693
