Saúde Mental Masculina: um Estudo sobre a Procura por Auxílio Profissional

Carolina de Souza Walger, Ariane Santos, Larissa Gulin

Resumo


Protagonistas nos índices de suicídio, homicídio, acidentes de trânsito e incidência de alguns transtornos mentais, os homens são culturalmente desvinculados de práticas de autocuidado. Este estudo exploratório se propôs a identificar quais razões estão envolvidas na procura e não procura por serviços de saúde mental por parte de pessoas do gênero masculino. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, de levantamento, com coleta de dados via questionário on-line, a qual obteve 227 respostas válidas. Os resultados apontam que: i) a maioria dos respondentes já utilizou algum serviço em saúde mental; ii) parte dos respondentes associa o acompanhamento psicológico à cura de doenças e não leva em consideração o aspecto preventivo e de promoção à saúde; iii) os participantes têm dificuldade em pedir ajuda e exteriorizar sua vulnerabilidade; iv) os participantes consideram conversas informais com amigos e livros de autoajuda como substitutos ao acompanhamento psicoterapêutico. Esses resultados sugerem a necessidade de criação de intervenções voltadas para a conscientização do público masculino quanto a importância das ações para a promoção e manutenção da saúde mental.


Palavras-chave


Saúde Mental; Saúde do Homem; Serviços de Saúde; Masculinidade

Texto completo:

PDF

Referências


Albuquerque, G. A. et al. (2014). O homem na Atenção Básica: percepções de enfermeiros sobre as implicações do gênero na saúde. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 18(4), 607-614. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20140086

Alves, R. F., Lima, A. G. B., Souza, F. M., Ernesto, M. V., & Silva, R. P. (2011). A saúde do Homem na Interface com a Psicologia da Saúde. In R. F. Alvez (Org.), Psicologia da Saúde: teoria, intervenção e pesquisa (pp. 147-168). EDUEPE. https://books.scielo.org/id/z7ytj/pdf/alves-9788578791926-06.pdf

Alves, R. F., Silva, R. P., Ernesto, M. V., Lima, A. G. B., & Souza, F. M. (2011) Gênero e Saúde: o cuidar do homem em debate. Psicologia: Teoria e Prática, 13(3), 152-166. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872011000300012

Arantes, R. C., Martins, J. L. A., Lima, M. F., Rocha, R. M., Silva, R. C. & Villela, W. V. (2008). Processo Saúde-Doença e Promoção da Saúde: aspectos históricos e conceituais. Revista de APS, 11(2), 189-198. https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/14218

Bardin, L. (1979). Análise de Conteúdo. Edições 70.

Barros, C. T., Gontijo, D. T., Lyra, J., Lima, L. S., & Monteiro, E. M. L. M. (2018). Mas se o homem cuidar da saúde fica meio que paradoxal ao trabalho: relações entre masculinidades e cuidado à saúde para homens jovens em formação profissional. Saúde e Sociedade, 27(2), 423-434. https://doi.org/10.1590/S0104-12902018166057

Brasil. (2008). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_homem.pdf

Brasil. (2010). Política Nacional de Promoção da Saúde. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf

Butler, J. (2003). Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Civilização Brasileira.

Carrara, S., Russo, J. A., & Faro, L. A. (2009). Política de Atenção à Saúde do Homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino. Physis, 19(3), 659-678. https://doi.org/10.1590/S0103-73312009000300006

Carvalho, A. M. A., Cavalcanti, V. R. S., Almeida, M. A., & Bastos, A. C. S. (2008). Mulheres e Cuidado: bases psicobiológicas ou arbitrariedade cultural? Paidéia, 18(41), 431-444. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2008000300002

Coelho, E. B. S., Schwarz, E., Bolsoni, C. C., & Conceição, T. B. (2018). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Universidade Federal de Santa Catarina. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_integral_saude_homem.pdf

Connell, R.W. (1995). Políticas da Masculinidade. Educação & Realidade, 20(2), 185-206. https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71725/40671

Connell, R. W., & Messerschmidt, J. W. (2013). Masculinidade Hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, 21(1), 241-282. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100014

Couto, M. T., Pinheiro, T. F., Valença, O., Machin, R., Silva, G. S. N., Gomes, R., Schraiber, L. B., Figueiredo, W. S. (2010). O Homem na Atenção Primária à Saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 14(33), 257-270. https://doi.org/10.1590/S1414-32832010000200003

Dantas, M. N. P., Souza, D. L. B., Souza, A. M. G., Aiquoc, K. M., Souza, T. A., & Barbosa, I. R. (2021). Fatores Associados ao Acesso Precário aos Serviços de Saúde no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 24. 1-13. https://doi.org/10.1590/1980-549720210004

Gaino, L. V., Souza, J., Cirineu, C. T., & Tulimosky, T. D. (2018). O Conceito de Saúde Mental para Profissionais da Saúde: um estudo transversal. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (SMAD), 14(2), 108-116. https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2018.149449

Gomes, R., Nascimento, E. F., & Araújo, F. C. (2007). Por que os Homens Buscam Menos os Serviços de Saúde do que as Mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cadernos de Saúde Pública, 23(3), 565-574. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2007000300015

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2019). Atlas da Violência. IPEA; FBSP. https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019

Levorato, C. D., Mello, L. M., Silva, A. S., & Nunes, A. A. (2014). Fatores Associados à Procura por Serviços de Saúde numa Perspectiva Relacional de Gênero. Ciência & Saúde Coletiva, 19(4), 1263-1274. https://doi.org/10.1590/1413-81232014194.01242013

Louro, G. L. (2000). Pedagogias da Sexualidade. In G. L. Louro (Org.), O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte.

Malta, D. C., Reis, A. A. C., Jaime, P. C., Morais Neto, O. L., Silva, M. M. A., & Akeerman, M. (2018). O SUS e a Política Nacional de Promoção da Saúde: perspectiva resultados, avanços e desafios em tempos de crise. Ciência & Saúde Coletiva, 23(6), 1799-1809. https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.04782018

Martins, A. M., Abade, F. L., & Afonso, M. L. M. (2016). Gênero e Formação em Psicologia: sentidos atribuídos por estudantes à saúde do homem. Psicologia em Revista, 22(1), 164-184. http://dx.doi.org/DOI-10.5752/P.1678-9523.2016V22N1P164

Medrado, B., Lyra, J., Nascimento, M., Beiras, A., Corrêa, A. C. P., Alvarenga, E. C., & Lima, M. L. C. (2021). Homens e Masculinidades e o Novo Coronavírus: compartilhando questões de gênero na primeira fase da pandemia. Ciência & Saúde Coletiva, 26(1), 179-183. https://doi.org/10.1590/1413-81232020261.35122020

Mellis, F. (2019, outubro 10). Dia da Saúde Mental: Brasil lidera rankings de depressão e ansiedade. Portal R7. https://noticias.r7.com/saude/dia-da-saude-mental-brasil-lidera-rankings-de-depressao-e-ansiedade-10102019

Minayo, M. C. S., Meneghel, S. N., & Cavalcante, F. G. (2012). Suicídio de Homens Idosos no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, 17(10), 2665- 2674. https://doi.org/10.1590/S1413-81232012001000016

Ministério da Saúde. (s.d.). Homens são os que mais morrem de acidentes no trânsito. Recuperado em 19 de outubro de 2022, de https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45466-homens-sao-maiores-vitimas-de-acidentes-no-transito

Moura, R, G. (2019). A Masculinidade Tóxica e seus Impactos na Vida dos Gays dentro das Organizações. Revista Ciências do Trabalho, (13), 125-136. https://rct.dieese.org.br/index.php/rct/article/view/194/pdf

Passos, L. (2019, agosto 28). Brasileiro ainda sabe pouco sobre Depressão. Veja. https://veja.abril.com.br/saude/brasileiro-ainda-sabe-pouco-sobre-depressao-revela-ibope/

Pedrosa, M., & Zanello, V. (2016). (In)visibilidade da Violência contra as Mulheres na Saúde Mental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32(spe), 1-8. http://dx.doi.org/10.1590/0102-3772e32ne214

Rabasquinho, C., & Pereira, H. (2007). Género e Saúde Mental: uma abordagem epidemiológica. Revista Análise Psicológica, 3(25), 439-454. https://scielo.pt/pdf/aps/v25n3/v25n3a10.pdf

Santos, A. M. C. C. (2009). Articular Saúde Mental e Relações de Gênero: dar voz aos sujeitos silenciados. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 14(4), 1177-1182. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000400023

Scliar, M. (2007). História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Revista de Saúde Coletiva, 17(1), 29-41. https://doi.org/10.1590/S0103-73312007000100003

Separavich, M. A., & Canesqui, A. M. (2020). Masculinidades e Cuidados de Saúde nos Processos de Envelhecimento e Saúde-Doença entre Homens Trabalhadores de Campinas-SP, Brasil. Saúde e Sociedade, 29(2), 1-14. https://doi.org/10.1590/S0104-12902020180223

Sícoli, J. L., & Nascimento, P. R. (2003). Promoção de Saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 7(12), 91-112. https://doi.org/10.1590/S1414-32832003000100008

Silva, S. G. (2006). A Crise da Masculinidade: uma crítica à identidade de gênero e à literatura masculinista. Psicologia Ciência e Profissão, 26(1), 118-131. https://doi.org/10.1590/S1414-98932006000100011

Silva, R. P., & Melo, E. A. (2021). Masculinidades e Sofrimento Mental: do cuidado singular ao enfrentamento do machismo. Ciência & Saúde Coletiva, 26(10), 4613-4622. https://doi.org/10.1590/1413-812320212610.10612021

Villela, W. V., Monteiro, S. S., & Barbosa, R. M. (2020). A Contribuição da Revista Ciência & Saúde Coletiva para os Estudos sobre Gênero e Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 25(12), 4803-4812. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.15582020

Zanello, V., Fiuza, G., & Costa, H. (2015). Saúde Mental e Gênero: facetas gendradas do sofrimento psíquico. Fractal: Revista de Psicologia, 27(3), 238-246. https://doi.org/10.1590/1984-0292/1483


Apontamentos

  • Não há apontamentos.