“Olhares”: reflexões sobre uma experiência com mulheres moradoras de residências inclusivas

Aline Maria de Sordi, Ana Paula Müller de Andrade, Fernanda Ribeiro Feola

Resumo


Este artigo apresenta e discute uma experiência produzida com mulheres moradoras de duas residências inclusivas, enfatizando a atuação da psicologia no âmbito da proteção social especial através de uma intervenção fotográfica. As atividades foram desenvolvidas no ano de 2019, como parte de uma estágio profissionalizante, e tiveram como eixos norteadores a produção de subjetividade e a desinstitucionalização, com vistas a ampliação das possibilidades de inserção social às moradoras e a reafirmação do compromisso ético-político da psicologia com a superação de processos de exclusão e estigmatização de grupos marginalizados. Os dados analisados constavam nos diários de campo elaborados ao longo do diagnóstico institucional, do planejamento, do desenvolvimento e da avaliação das atividades desenvolvidas. Consideramos que o estágio foi um dispositivo potente em nosso processo de formação e, além disso, a intervenção fotográfica produziu entre nós e as mulheres moradoras a ampliação das possibilidades de produção subjetiva e territórios existenciais.


Palavras-chave


assistência social, residências inclusivas, mulheres, subjetividade, desinstitucionalização

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