SUJEITO E SABER EM HEGEL E EM LACAN: ENTRE A CERTEZA DO SIGNIFICADO E A VERDADE DO INTERDITO

Geisa Costa Spak

Resumo


Estas reflexões têm como objetivo central articular algumas noções presentes na obra “Fenomenologia do Espírito” de Hegel, com as elaborações de Lacan, principalmente no que concerne ao sujeito, ao saber e a verdade. Devemos frisar, no entanto, que em alguns momentos de nosso texto extrapolaremos essa delimitação e assumiremos o desafio de articularmos outras indagações que não aquelas previamente delimitadas, atribuímos isso, pretensiosamente, ao movimento metonímico do discurso, ao perpétuo deslocar-se do sentido. As relações entre os escritos hegelianos e os seminários ministrados por Lacan são diversas, apesar de complexas e polêmicas, e a despeito de toda e qualquer diferença de sentido e acento, a nosso ver, em ambos os pensadores, escancara-se a tensão da tentativa de apreender, nomear, captar ou, mais exatamente, absorver aquilo que por sua natureza não pode ser todo alcançado, todo contido ou re-presentado. Tentaremos, com certa hesitação, aproximarmo-nos dessas tensões, a fim de estabelecer em que momento as aproximações entre os autores acontecem, ainda que não explicitamente, ou ainda que não sejam utilizados os mesmos termos, as mesmas nomenclaturas, e não vemos nisso indicativo de forçosamente atribuir ligações entre ambos, visto a plasticidade da pulsão, e a arbitrariedade do significante, que num eterno e sempre renovado deslize, pode assumir diversas combinações para tentar falar da coisa mesma. Assim, mesmo quando os pensadores não usam o mesmo termo para falar de algo, pode-se intuir a presença implícita das mesmas inquietações. Assim, em Hegel e Lacan, a nosso ver, a despeito de toda ruptura e descontinuidade teórica, subsiste, a tensão fundamental de um inominável, de um impossível, ou de um real, que se apresenta e ao mesmo tempo resiste à simbolização.

 


Palavras-chave


sujeito, saber, real, verdade

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